SOLENIDADE DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO APARECIDA, B.

“Com grande alegria, rejubilo-me no Senhor, e minha alma exultará no Senhor, e minha alma exultará no meu Deus, pois me revestiu de justiça e salvação, como a noiva ornada de suas jóias”.

 

Quanta alegria deve encher nossas almas neste dia abençoado por Deus: celebramos a Solenidade de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil. Neste ano o Santuário Nacional de Aparecida nos propôs como Tema do Novenário que precedeu a festa de hoje “Em Jesus, com Maria, restauramos a vida!”. Foram nove dias de preparação para a grande solenidade que hoje celebramos no imenso território nacional.

A festa de Nossa Senhora Aparecida nos faz remontar ao ano de 1773, quando alguns pescadores encontraram no rio Paraíba, presa em suas redes, uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Aqueles que foram pescar para o Conde de Assumar pescaram uma imagem negra da Virgem da Conceição que, hoje, com o seu manto azul protege o povo brasileiro e se coloca como a nossa intercessora junto de Deus, porque: “quem a Mãe pede o Filho atende!”. Vamos a Deus, por intermédio da Virgem de Aparecida, Rainha e Mãe do povo brasileiro.

Meus irmãos,

Celebramos hoje o dogma central da fé mariológica: a sua imaculada conceição, ou seja, a sua maternidade divina, aquela que não foi corrompida pelo pecado original, aquela que Virgem, por obra e graça do Espírito Santo, concebeu e deu a luz ao Redentor do gênero humano.

Maria Virgem, antes e depois do parto, foi elevada ao Céu em corpo e em alma.  Maria, que participou da paixão do Senhor e sua coroação como rainha do céu e da terra, mulher que nos legou o exemplo de ter vivido a fé simples, a fé teologal, da esperança, da fé e da caridade.

O Evangelho desta solenidade(cf. Jo 2,1-11) fala da presença de Nossa Senhora nas Bodas de Caná, ou seja, num casamento. Maria estava ali presente, uma presença de mãe atenta, que sabe exatamente do que precisamos. Nas nossas mais simples e mais complicadas necessidades recorremos ao patrocínio da Bem-Aventurada Virgem Maria. Problemas pessoais, problemas comunitários e problemas da comunidade devem e podem ser confiadas ao patrocínio da Virgem Maria.

Maria é antes de tudo nossa Mãe. Por isso o Evangelho de hoje nos apresenta Maria como nossa intercessora junto de Cristo. Podemos deixar nas mãos da Virgem Maria nossos pedidos, porque ninguém conhece melhor o Cristo, “trono da Graça”, do que a sua Mãe Santíssima.

Queridos Irmãos,

No Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida há uma grande faixa em que todos nós rezamos antes do início das celebrações: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Realmente esta passagem contida no versículo 5 do Evangelho de hoje quer nos interpelar nossa vida de cristãos. É um pedido que parte de Maria aos que trabalhavam nas Bodas de Caná. É, hoje, um pedido da parte de Maria a cada um de nós. Maria nos pede, sim, que pela graça de Jesus Cristo que pedindo reverentemente seu Filho irá nos atender. Assim foi com os servidores de Caná. Obedeceram a Jesus e encheram os vasos ou talhas de vinho. E esta água foi transformada no melhor vinho que fora servido ao final das Bodas de Caná.

Vamos ter a mesma atitude de Maria: “Fazei tudo o que ele vos disser”.(cf. Jo 2,5). Quando recorrermos a Virgem Maria devemos fazer um exame de consciência para que nosso pedido seja atendido pelo Filho, para que nós possamos viver como o Filho viveu, para que nós coloquemos em prática os ensinamentos de Jesus.

Vamos pedir a Nossa Senhora que nos ensina a confiar na graça santificante de seu Divino Filho, o Salvador.

Amar Jesus é escutar as suas ordens. Amar Jesus é colocar em prática a sua moral contida nos Santos Evangelhos. Amar Jesus é cantar como a Virgem: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. Vamos, pois, abrir nossos corações para a vontade salvadora do Redentor.

Meus queridos irmãos,

O vinho das Bodas de Caná é símbolo de todas as graças de Deus, sobretudo da maior de todas as graças: a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador. E Jesus é a primeira das graças que Maria sempre nos apresenta e alcança-nos, porque, tendo-o, teremos tudo. A quem possui Cristo, nada lhe falta. Por isso mesmo o vinho de Caná é o melhor do que o vinho já bebido e é falta. Por isso mesmo o vinho de Caná é melhor do que o vinho já bebido e é extraordinariamente abundante. De fato, cada uma das talhas podia conter de 80 a 120 litros. E eram seis talhas, o que significa, no mínimo, de 500 a 600 litros de vinho. E como se não bastasse essa quantidade, João diz que foram enchidas até a borda.

Abundância de vinho, bênção de Deus. Abundância de confiança na misericórdia, bênção de Deus. Abundância é a quantidade do amor de Deus derramado sobre a humanidade na pessoa de Jesus de Nazaré.

O sentido desse pedir graças mediante a intercessão de Nossa Senhora é muito importante no Evangelho de hoje. Em Caná, Maria pede uma intervenção material, e esta se realiza, porém, não como um fim em si, mas como sinal da grande obra do Cristo, sua morte, na “hora” que naquele momento ainda não havia chegado (2,4; cf. 13,1). Assim também o que nós pedimos pela intervenção de N. Senhora, quer sejamos atendidos de acordo com o pedido ou de outro modo, torna-se sinal do amor até morrer que seu Filho nos dedica. É assim que devem ser interpretadas as preces de súplica: “Dai-nos, Senhor, um sinal de vosso amor”.

A presença da mãe de Jesus em Caná e na cruz signifi­ca que ela participou de todo o ministério e deve participar também da vida de todas as comunidades cristãs, ensinando sempre a fazer tudo o que Jesus disser. Ela não é chamada pelo nome no Evangelho de João porque é personi­cação de toda a humanidade, especialmente das mulheres. Nela estão presentes todas as mulheres da terra, com seus sonhos e esperanças.

Caros irmãos,

As leituras realçam a mensagem da mediação de Maria na figura de Éster (cf. 1a. Leitura, Est 5,1b-2; 7b-31) e na solicitude de Maria nas Bodas de Caná, conforme nos ensinou o Evangelho. Na primeira leitura lembra a intercessão da Rainha Ester junto ao Rei Assuero em favor do povo judeu, ao qual ela mesma pertencia. Ao mesmo tempo, menciona-se a graciosa beleza desta “flor de seu povo”. Se é verdade que Deus encarna seu amor, deve encarná-lo também na realidade que é uma nação. No Antigo Testamento, a consciência da encarnação do amor de Deus praticamente não ultrapassava as fronteiras de Israel. Um dos momentos em que se notificou esse amor encarnado na proteção da nação foi a atuação da rainha Ester, judia que, graças às suas reais qualidades e à presença de Deus em sua vida, conseguiu proteção para o povo dominado. Esse tema pode ser interpretado como um símbolo do amor que Deus dedica a qualquer povo que expressa sua confiança nele e toma sua vontade e justiça como rumo de seu caminho. Para a liturgia de hoje, a “rainha” por excelência é Maria, mediadora junto a Jesus e a Deus, e solidária com o povo. Como Ester, ela reza: “Salva meu povo”. Por isso, para nós brasileiros, Nossa Senhora Aparecida é a Rainha e Padroeira do Brasil e vela, do altar da graça e da glória de Aparecida, por todos os brasileiros.

Meus irmãos,

Na Segunda Leitura, Maria é apresentada como grandioso sinal que apareceu no céu, ameaçada, mas não tragada pelas águas de um rio. A mulher foi socorrida pela terra(cf. Ap 12,1-5.13a.15.16a) Destacando a figura de Maria, a Igreja assume, até em certo grau, o que foi a obra de Maria, a co-redentora, a Imaculada. O texto litúrgico se compõe de recortes do capítulo 12 do Apocalipse, que põe em cena a Mulher-Povo de Deus. Ela dá à luz o Messias e é perseguida pelo Dragão, que representa o anti-Reino. Da alegoria da Mulher-Povo de Deus (Ap 12) utilizam-se, na interpretação litúrgica, aqueles versículos que sublinham a grandeza e a realeza da Mulher-Maria (Mãe do Messias), como também a solidariedade da “terra” com sua luta (12,16a). Destaca-se o papel protetor que a Mulher exerce com relação ao Filho messiânico. Se, no sentido primeiro, a Mulher é a Igreja-povo de Deus, a intuição da fé, aplicando essa leitura a Maria, percebe-se a analogia entre o papel da Igreja e o de Maria. Gerar e levar o Salvador ao mundo, e presenciar sua vitória, eis o que Maria e a Igreja têm em comum. Destacando a figura de Maria, a Igreja assume, até certo grau, o que foi a obra de Maria. Isso vale também com relação à proteção do povo, que não é algo mágico, mas algo que se realiza mediante as nossas mãos: nosso empenho por uma sociedade melhor, mas justa, mais conforme à vontade de Deus.

Prezados irmãos,

Maria sempre está atenta as nossas necessidades e pronta para interceder ao Seu Divino Filho Jesus em favor de nossas necessidades.

Salvos das águas, pela fé e pelo Batismo, os cristãos brasileiros podem atingir algo que contemplam em Maria, a Imaculada, se seguirem o seu Conselho: “Fazei tudo o que ele vos disser”.

Peçamos que a Virgem Aparecida abençoe o povo brasileiro nesta quadra difícil que vivemos da pandemia e das divisões odiosas. Deus seja louvado pelos mais de trezentos anos da pesca da Imagem milagrosa. Todos nós, brasileiros, temos uma relação muito pessoal com a Mãe de Jesus e Nossa. Peçamos, confiantes, a intercessão da Virgem em favor de todas as nossas necessidades. Santa MARIA APARECIDA, MÃE, RAINHA E PADROEIRA DO BRASIL, ROGAI POR NÓS!

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