São Joaquim e Santana – avós de Jesus

No próximo dia 26 de julho iremos celebrar a memória litúrgica de São Joaquim e de Santana – avós de Jesus.
“Ó Deus, tu me ensinaste desde a minha juventude, e até aqui eu anuncio as tuas maravilhas. Agora que estou velho e de cabelos brancos, não me abandones, ó Deus, até que eu anuncie o teu braço às gerações futuras” (Sal 71, 17-18)
De modo particular, a velhice é um tempo de graça, no qual o Senhor nos renova o seu chamado: chama-nos a guardar e transmitir a fé, chama-nos a rezar, especialmente a interceder; chama-nos a ser solidários com os necessitados… Os idosos, os avós têm uma capacidade particular de compreender as situações mais difíceis: uma grande capacidade! E, quando rezam por estas situações, a sua oração é forte, é poderosa! Aos avós, que receberam a bênção de ver os filhos dos filhos (cf. Sal 128/127,6), está confiada uma grande tarefa: transmitir a experiência da vida, a história de uma família, de uma comunidade, de um povo; partilhar, com simplicidade, uma sabedoria e a própria fé, que é a herança mais preciosa! Felizes aquelas famílias que têm os avós perto! (PAPA FRANCISCO, encontro do Papa Francisco com os idosos e avós, 28 de Setembro de 2014)
“Venho entre vós como Bispo de Roma, mas também como idoso em visita aos seus coetâneos. É supérfluo dizer que conheço bem as dificuldades, os problemas e os limites desta idade, e sei que estas dificuldades, para muitos, são agravadas pela crise econômica. Por vezes, a uma certa idade, acontece olhar para o passado, com saudades de quando se era jovem, se gozava de energias vigorosas, se faziam projetos para o futuro. Assim por vezes o olhar entristece-se, considerando esta fase da vida como o tempo do ocaso. Esta manhã, dirigindo-me idealmente a todos os idosos, mesmo estando ciente das dificuldades que a nossa idade comporta, gostaria de vos dizer com profunda convicção: é bom ser idosos! Em cada idade é preciso saber descobrir a presença e a bênção do Senhor e as riquezas que ela contém. Nunca devemos deixar-nos aprisionar pela tristeza! Recebemos o dom de uma vida longa. Viver é bom, inclusive na nossa idade, não obstante alguns «achaques» e limites. No nosso rosto haja sempre a alegria de nos sentirmos amados por Deus, não a tristeza. (PAPA BENTO XVI, visita à casa-família, em Roma, 12 de Novembro de 2012)
“ O que é a velhice? … A infância e a juventude são o período onde o ser humano está se formando, vive projetado para o futuro e, tomando consciência das próprias potencialidades, forja projetos para a idade adulta, a velhice também possui os seus bens, porque — como observa S. Jerónimo — atenuando o ímpeto das paixões, ela aumenta a sabedoria, dá conselhos mais amadurecidos. Em certo sentido, é a época privilegiada daquela sabedoria que, em geral, é fruto da experiência, porque o tempo é um grande mestre. Além disso, é bem conhecida a oração do Salmista: «Ensinai-nos a contar os nossos dias, para que guiemos o coração na sabedoria» (Sal 90,12). (SÃO JOÃO PAULO II, Carta aos anciãos 5)
Na tradição da Igreja existe uma bagagem de sapiência que sempre sustentou uma cultura de proximidade aos anciãos, uma disposição ao acompanhamento carinhoso e solidário na parte final da vida. Esta tradição está arraigada na Sagrada Escritura, como testemunham, por exemplo, estas expressões contidas no Livro Eclesiástico: «Não desprezes os ensinamentos dos anciãos, dado que eles os aprenderam com os seus pais. Estudarás com eles o conhecimento e a arte de responder de modo oportuno» (Eclo 8, 11-12). (PAPA FRANCISCO, Audiência geral, 4 de Março de 2015).
O Evangelho vem ao nosso encontro com uma imagem muito bonita, comovente e encorajadora. É a imagem de Simeão e Ana, dos quais nos fala o Evangelho da infância de Jesus, composto por são Lucas. Certamente eram idosos, o «velho» Simeão e a «profetisa» Ana, que tinha 84 anos. Aquela mulher não escondia a sua idade! O Evangelho diz-nos que todos os dias esperavam a vinda de Deus, com grande fidelidade, havia muitos anos. … Pois bem, quando Maria e José chegaram ao templo para cumprir os preceitos da Lei, Simeão e Ana apressaram-se, animados pelo Espírito Santo (cf. Lc 2, 27). O peso da idade e da espera esvaeceu num instante. Eles reconheceram o Menino e descobriram uma nova força, para uma renovada tarefa: dar graças e testemunhar este Sinal de Deus. Simeão improvisou um lindo hino de júbilo (cf. Lc 2, 29-32) — naquele momento foi um poeta — e Ana tornou-se a primeira pregadora de Jesus: «Falava de Jesus a todos aqueles que, em Jerusalém, esperavam a libertação» (Lc 2, 38)… Estimados avós, amados idosos, coloquemo-nos no sulco destes anciãos extraordinários! Tornemo-nos, também nós um pouco poetas da oração: adquiramos o gosto de procurar palavras que nos são próprias, voltando a apoderar-nos daquelas que a Palavra de Deus nos ensina. É um grande dom para a Igreja, a oração dos avós e dos idosos! … temos necessidade de idosos que rezem, porque a velhice nos é concedida para isto. (PAPA FRANCISCO, Audiência geral, 11 de Março de 2015)
A solidariedade entre jovens e idosos, ajudou a fazer compreender como a Igreja efetivamente é família de todas as gerações, na qual cada um deve sentir-se «em casa» e onde não reina a lógica do lucro e do possuir, mas a da gratuidade e do amor. Quando a vida se torna frágil, nos anos da velhice, nunca perde o seu valor e a sua dignidade: cada um de nós, em qualquer etapa da existência, é querido, amado por Deus, cada um é importante e necessário (PAPA BENTO XVI, visita à casa-família , em Roma, 12 de Novembro de 2012)
É necessário que a ação pastoral da Igreja estimule todos a descobrir e a valorizar as tarefas dos anciãos na comunidade civil e eclesial, e, em particular, na família. Na realidade, a vida dos anciãos ajuda-nos a esclarecer a escala dos valores humanos; mostra a continuidade das gerações e demonstra maravilhosamente a interdependência do povo de Deus. Os anciãos têm, além disso, o carisma de encher os espaços vazios entre gerações, antes que se solevem. Quantas crianças têm encontrado compreensão e amor nos olhos, nas palavras e nos carinhos dos anciãos! E quantas pessoas de idade têm subscrito com gosto as inspiradas palavras bíblicas que a “coroa dos anciãos são os filhos dos filhos” (Prov. 17, 6). (FAMILIARIS CONSORTIO, 27)
A Igreja não pode e não quer conformar-se com uma mentalidade de intolerância, e muito menos de indiferença e de desprezo, em relação à velhice. Devemos despertar o sentido comunitário de gratidão, de apreço e de hospitalidade, que levem o idoso a sentir-se parte viva da sua comunidade. (PAPA FRANCISCO, Audiência geral, 4 de Março de 2015)
Eu recolhi estes pensamentos dos Papas acerca dos avós para apresentar-lhes minha estima, reconhecimento, vizinhança espiritual. Eu sempre fui muito amigo das pessoas mais idosas. Sempre as respeitei! Sempre as venerei! Sempre procurei contemplar a sabedoria acumulada e a santidade solidificada com o passar dos anos.
Eu me lembro com muita saudade e gratidão de meus avós Dona Eudete de Carvalho Portugal e Orestes Augusto Portugal e Dona Maria Madalena de Jesus e João Firmino Teodoro. Eles foram pais admiráveis, avós solícitos e, acima de tudo, católicos de escol.
Ao celebrarmos São Joaquim e Santana quero suplicar a Deus as mais copiosas bênçãos para os avós e que a graça de Deus nunca falte a eles!
Com viva estima,
Padre Wagner Augusto Portugal.

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